O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúptia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.
Luiza Neto Jorge (Lisboa, 1939 – Lisboa, 1989)
Poetisa e tradutora, escreveu para o teatro e para o cinema, é considerada a personalidade poética mais importante da Poesia 61.
Deixe uma Resposta