Menino, bem menino, fiz o meu balão
Papel de seda às cores…
– Tantas eram!
Ai, nunca mais as vi, nos olhos se perderam.
Quando a tarde morria o meu balão subiu
E tão direito ia, tão veloz correu
Que eu disse: “Vai tombar a Lua
E talvez queime o céu.”
Anoiteceu.
E no horizonte o meu balão era uma rosa
Vermelha, não minha, aflitiva,
Murchando,
Poisando na água pantanosa
De além.
Ninguém o viu.
Ninguém colheu a angústia dum balão ardendo.
Somente a água verde rebrilhou acesa,
Clamorosa e podre,
Como nos incêndios de Veneza
E rãs, acreditando o mal mortal e seu
Foram fugindo, pela noite fria,
Do balão que ardeu.
Ó tu, quem sejas, o balão fui eu!
Políbio Gomes dos Santos (Ansião, 7/8/1911 – Ansião, 3/8/1939)
Poeta, colaborador das publicações: Cadernos da Juventude; Presença; Sol Nascente; O Diabo e do Grupo Novo Cancioneiro.
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