Joaquim Namorado – Poeta

A poesia é uma máquina
de produzir entusiasmo
e é preciso que os versos sejam verdadeiros
na vida dos poetas
como a tua mão erguida
sobre os anos futuros
quando o próprio bronze das estátuas se cobrir
do verdete do esquecimento
e das urtigas
entre as ruínas de um passado morto
e as pequenas plaquetes dos sentimentos pobres
dos líricos delírios
das doidas metáforas sem sentido
louvadas pela crítica
só tiverem o arqueológico encanto
de um cabelo de Ofélia…

Então
os teus versos estarão na primeira fila dos pioneiros
cobertos de cicatrizes
porque fizeram todo o caminho do tempo
multiplicados por milhões de vozes
pela alta potência dos alto-falantes
como uma bandeira erguida
sobre os anos futuros.

 

Joaquim Namorado (Alter do Chão, 30/6/1914 – Coimbra, 29/12/1986)
Poeta, ensaísta, um dos iniciadores do Neo-Realismo, colaborador das revistas: Seara Nova e Vértice, bem como de outras publicações, licenciado em Ciências Matemáticas, professor catedrático.

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