na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
José Luís Peixoto (Galveias, Ponte de Sor, Setembro de 1974)
Poeta, romancista, dramaturgo, colaborador de diversas publicações nacionais e estrangeiras, licenciado em LLM, variante de Inglês Alemão.
Acabo de ver na tv o próprio autor recitar esse poema que me levou as lágrimas… os motivo? tão meus! É, a poesia ainda pe capaz de tocar, com algumas palavras, o coração!
Deyse Montenegro
Acabo de ver na tv o próprio autor recitar esse poema que me levou as lágrimas… os motivos? tão meus! É, a poesia ainda é capaz de tocar, com algumas palavras, o coração!
Deyse Montenegro
Que feliz coincidência, apesar das lágrimas tão suas! Já lera este poema, mas também me deixei tocar pela tristeza, contudo venci-a no momento em que decidi publicá-lo, ao sabor da sintonia dos lugares ocupados na íntima mesa onde um coração bate ao ritmo de todos.
É lindo. Não é preciso dizer mais nada. Abraços.
Que mais haveria a dizer, se é lindo?
Ouvi este poema recitado pelo próprio autor,que por superstição acaba as suas palestras declamando-o.
Sofri um imenso impacto.Lembrei-me depois que já o havia lido no corpo de um de seus romances.
Obrigado,José Luis.
Não sei por que continuo a chorar quando leio “esta passagem”…
É tão recheada de Sentimentos Fortes… da Ausência das Pessoas, da falta que o amor (nas suas várias formas) faz, da Saudade…
José Luís Peixoto, até poderia ser um péssimo escritor mas aquilo que lhe vai na alma nunca passaria despercebido!
O livro “Morreste-me” é o maior exemplo de Sensibilidade e Amor que alguma vez li.
Parabéns por conseguir descrever detalhadamennte “o antes” e “o depois” de ter Pai e toda a Saudade que isso acarreta.
É a emoção do saudoso amor presente à mesa!
jose, desculpa, mas vou copiar o teu poema …amanha é dia da MAE.
nós à mesa eramos 6. seremos sempre 6…sempre, por causa dos netos,sempre 6.
O José Luís gostará de sentar-se convosco à mesa, penso!
será sempre bem vindo, quem vem por bem… se vier por “mal”, come também. a rima era inusitada mas não foi pensada. um bom escritor é sempre um bom ouvinte…e numa mesa de família há sempre estória velhas que os mais novas não recordam. mas Zé Luis, imagino q deverás ter mais o q fazer. de qq modo, obrigada pelo cuidado na resposta!!!
Hoje é o Dia dos Pais! E mais uma vez tenho certeza que a mesa está completa.
Pai que Deus te abençoe aí no andar de cima!! Te amo!
Obrigado José por traduzir em palavras aquilo que sinto na alma e no meu coração.
Roberto Colombo F.de Oliveira
[…] li um poema que desejava me tocar. O poeta dizia de uma mesa a ser posta. Cinco. Menos uma. Menos outra. E o […]