TRANPORTA-ME um vento
ao longo de espaços
que é ele quem os rasga
entre mim e tudo.
O vento me leva.
E por cada instante
é já mais veloz:
nem tempo de ver
o que se me afasta
eu tenho, ou saber
se eu era ou se era
não meu mas de tudo.
O vento me leva.
E por cada instante
é mais violento,
um silvo, um trovão
que me ensurdece
e cala.
27/4/952
Jorge de Sena
(Lisboa, 2/11/1919 – Santa Bárbara, Califórnia, 4/6/1978)
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