Archive for Dezembro, 2009

Francisco Luiz Lopes – Sines – A Abundância no Tempo dos Réis, Ribeiras (continuação)
Dezembro 29, 2009

“Eis-aqui as ribeiras do Concelho:

Ribeira dos Moinhos a meia légua da Villa, nasce no Borbolegão, tem um quarto de légua de curso, desagua na praia do Lago. Direcção do sul ao norte. Ha sobre ella duas pontes, mandadas fazer pelos Srs. Samuel Pidwel e João de Jesus.

Ribeira da Junqueira, nasce para cima de Valclarinho e Castanheiro; tem de curso meia légua: desagua na praia de S. Torpes a uma légua da Villa. Direcção leste oeste.

Dita de Morgavel, nasce para cima do Rombo, e Porto de Raiz, cursa meia légua; desagua no fim da praia de S. Torpes. Direcção de leste a oeste.

N.B. Em cada uma destas se precisa de uma ponte.

Dita da Jordôa, continuação da dos Moinhos.

Torrente do Barranco da Bêbeda, a uma e meia légua da Villa.

Corrente de Porto Covo, desagua no mar. Direcção para oeste.

N.B. No barranco do Castanheiro, e na mesma herdade junto á cerca, e na do Outeiro, tornão-se necessários uns pontêlos.”

(continua)

LOPES, Francisco Luiz, Breve Noticia de Sines, Patria de Vasco da Gama, Lisboa, Na Typographia do Panorama, 1850.

Francisco Luiz Lopes
Nasceu em Faro, 1816 e fixou-se em Sines de 1847 a 1869 como médico-cirirgião, a par de historiógrafo e cronista de costumes.

Margarida Rebelo Pinto – Os Homens
Dezembro 29, 2009

Margarida Rebelo Pinto

“(…) Os homens nem sempre avançam, nem sempre atacam. Alguns preferem esperar, deixar que o tempo lhes traga o que mais precisam, para nunca terem de tomar decisões (…) como os lobos preferem morrer de fome a cometer um erro.”

PINTO, Margarida Rebelo, Pessoas Como Nós

 

Margarida Rebelo Pinto (Lisboa, 7/6/1965)
Jornalista, romancista, cronista, licenciada em LLM.

Gentílicos ou Pátrios de: Lorvão, Loulé, Lousa, Lousã e Lousada (continuação)
Dezembro 28, 2009

Gentílicos ou pátrios – nomes que indicam: nacionalidade, origem ou lugar de nascimento, residência de alguém ou proveniência de alguma coisa.

Eis alguns, nacionais:

Lorvão ———– laurbanense

Loulé ————- louletano

Lousa ———— lousense

Lousã ———— lousanense

Lousada ——– lousadense

(continua)

Mia Couto – A Água
Dezembro 28, 2009

“(….) a água só despida está completa. Assim, da terra ela se distingue. A terra exige coberta, requer construção. Enquanto a água em sua própria pele se aconchega. Em tal nudez, nunca nenhum sulco se abriu, nenhuma ruga se desenhou. Os homens magoam o solo, cobrem de golpes o chão. mas até agora nenhum foi capaz de ferir o rio e deixar cicatriz nele escrita.(…)”

COUTO, Mia, Cronicando

Mia Couto (Beira, Moçambique, 1955)
Jornalista – foi director da Agência de Informação de Moçambique, da revista Tempo e do jornal Notícias de Maputo -, poeta, contista, novelista, romancista, cronista, biólogo e professor.
Nome próprio: António Emílio Leite Couto – “Mia”, pronúncia de Emílio pelo irmão, adoptado também pelo seu amor aos gatos.
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Sophia – Carta a Jorge de Sena sobre o Prémio Nobel
Dezembro 28, 2009

“Lisboa, 31 de Dezembro de 1959

Cópia da carta que foi para a Sociedade dos Escritores assinada por mim e pelo Francisco.

Isto é o relato jurídico dos factos feitos pelo Francisco. O que se passa, em termos meus, é o seguinte: os escritores e intelectuais portugueses não querem que o Torga receba a prémio Nobel. Há panfletos, grupos, manobras, guerras, sofismas e etc.

Eu penso que um prémio Nobel em Portugal só pode ser dado à poesia. E, para além da minha admiração pelo [Miguel] Torga que você conhece, penso que um prémio dado ao Torga significa um prémio à poesia portuguesa, um prémio ao Teixeira de Pascoaes e ao Fernando Pessoa, como o prémio ao [Juan Ramón) Jimenez significa um prémio à poesia espanhola. Por isso pus o meu nome à cabeça numa lista de apoio à candidatura do Torga. Quer mandar a sua assinatura? Pouca gente tem assinado. Entre as pessoas que assinaram estão, que me lembre, os seguintes:

Eugénio de Andrade
Alexandre O´Neill
David Mourão-Ferreira
Hernâni Cidade
Fernando Amado
Salette Tavares e mais de que agora anão me lembro.

Muitas pessoas se abstêm com os mais variados pretextos.
No caso de você querer mandar a sua assinatura peço-lhe que copie à máquina numa folha de papel isto:

Prix Nobel de Littérature – 1960

Les soussignés poètes, écreivains, artistes, intellectuels et nprofesseurs portugias présentent à l´Academie Royale de Stockholm la candidature de Miguel Torga au prix Nobel de littérature de l´année 1960

(a sua assinatura aqui)”

Sophia de Mellho Breyner (Porto, 6/11/1919 – Lisboa, 2/7/2004)
Poetisa, contista, autora de literatura infantil e tradutora, a 1.ª mulher portuguesa a receber o prémio Camões (1999).

Miguel Torga – Natal
Dezembro 28, 2009

“Coja, 24 de Dezembro de 1952

NATAL

Natal fora da casa de meu Pai,
Longe da manjedoira onde nasci.
Neve branca também, mas que não cai
Na telha-vã da infância que perdi.

Filosofias sobre a eternidade;
Lareiras de salão, civilizadas;
E eu a tremer de frio e de saudade
Por memórias em mim quase apagadas…”

TORGA, Miguel, Diário

Miguel Torga (São Martinho de Anta, Vila Real, 12/8/1907 – Coimbra, 17/1/1995)
Pseudónimo de Adolfo Correia Rocha.
Um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, galardoado com Prémio Camões em 1989, médico.

Lopes Morgado – Dedicatória
Dezembro 24, 2009

Um verso que tu entendas,
Pois é para ti meu verso,
Terá que falar de rendas,
Da roca e fuso, e de terço.

Tem de ter uma paisagem
Que meta rios e montes
E campos verdes e aragem
E flores e muitas fontes.

E, porque gostas de cores,
Um caminho de arco-íris
Para ires quando fores
E, quando quiseres, vires.

MORGADO, Lopes, Mulher Mãe
Lopes Morgado (Areias de Vilar, Barcelos, 23/4/1938)
Sacerdote – Frei da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – , professor, escritor, poeta, jornalista.

José de Almada Negreiros – Acrobatas
Dezembro 24, 2009

Almada Negreiros (Trindade, S. Tomé, 7/4/1893 – Lisboa, 15/6/1970)
Artista multifacetado, desenhador e pintor, ensaísta, dramaturgo, romancista e poeta, colaborador da Revista Orpheu com Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro e fundador de alguns jornais.

Aquilino Ribeiro na Voz de Carlos de Oliveira
Dezembro 24, 2009

” Ninguém nos deu melhor até hoje o talhe e o cerne do homem português, na sua complexa rusticidade, ninguém nos chamou mais a atenção para os estreitos quadros da vida que lhe enleiam o engenho, a malícia, a ternura, a audácia, a força de criar.

Ninguém desenterrou melhor as raízes profundas do nosso caso nacional, nem ninguém o poderia ter feito em linguagem mais poderosa – linguagem que conhece todos os ritmos, em que todas as florações verbais são possíveis e se ajustam com incrível nitidez à realidade.”

OLIVEIRA, Carlos de, in revista Eva, 1955.

Aquilino Ribeiro (Tabosa do Carregal, 13/9/1885 – Lisboa, 27/5/1963)
Romancista, folhetinista, contista, novelista, professor, director da Seara Nova (1921), fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de escritores (1956).

Francisco Luiz Lopes – Sines – A Abundância no Tempo dos Réis, Águas (continuação)
Dezembro 24, 2009

“(…) Aguas thermaes não me consta que haja neste Concelho. Ha porem na Villa abundância de nascente frias perennes; nomeadamente:

Chafariz da Senhora das Sallas.

Dito das Bicas.

Dito de S. Sebastião.

Fonte na ladeira da praia.

Dita – rio grande – idem.

Dita inominada idem.

Dita no caminho que leva á Senhora das Sallas.

Dita da Silveira.

Todas estas vêas d´gua são extremamente límpidas e leves, e por uma analyse superficial apresentão todos os caracteres de boas.
(…)
Na Villa ha mais 30 poços d´agua (…) e nos arredores haverá 15.
Nas maiores sêccas, Sines nunca tem falta d´agua.”

(continua)

LOPES, Francisco Luiz, Breve Noticia de Sines, Patria de Vasco da Gama, Lisboa, Na Typographia do Panorama, 1850.

Francisco Luiz Lopes
Nasceu em Faro, 1816 e fixou-se em Sines de 1847 a 1869 como médico-cirirgião, a par de historiógrafo e cronista de costumes